Nesta quinta-feira, 28 de setembro de 2023, a família do ator Michael Gambon informou ao jornal Guardian, a triste notícia: Michael faleceu neste dia, de forma pacífica no hospital, aos 82 anos, ao lado de esposa e filho.
"Amado marido e pai, Michael morreu tranquilamente no hospital com sua esposa Anne e seu filho Fergus ao seu lado, após um ataque de pneumonia. Pedimos que respeitem nossa privacidade nesse momento dolorido e agradecemos suas mensagens de apoio e amor."
Michael Gambon, em 2000 por Jane Bown, para o Observer
Nascido em 19 de outubro de 1940 em Dublin na Irlanda, Sir Michael Gambon emigrou para o Reino Unido em 1945, aos 5 anos de idade onde passou a estudar em escola católica.
Seu pai se mudou para Londres onde era um policial da reserva durante a Segunda Guerra Mundial. Gambon foi levado à Inglaterra por sua mãe para se juntarem a ele no fim da guerra. Mais tarde se mudaram para Kent, onde aos 15 anos Michael abandonou a escola e aos 16 anos iniciou um aprendizado em engenharia na fábrica Vickers-Armstrong.
Ele começou no teatro amador como construtor de cenários, depois acabou no palco em pequenos papéis no Unity Theatre e no Tower Theatre em Londres.
Diferentemente de seus contemporâneos, ele não recebeu nenhum treinamento formal em uma escola de drama, ao invés disso ganhou muita experiência por meio das performances em produções amadoras.
Ele blefou para conseguir seus primeiros papéis profissionais mentindo sobre sua experiência, fazendo sua estreia em Dublin em um pequeno papel em Otelo. Aos 22 anos, ele estreou no West End como substituto no The Bed-Sitting Room. Ele também fez um curso de atuação no Royal Court dirigido por George Devine e William Gaskill.
Michael Gambon, em premiação
Em uma de suas entrevistas, Gambon disse que nunca tinha visto uma produção de Shakespeare antes de atuar em uma.
Ele teve papéis menores em Shakespeare no Teatro Nacional e fez um teste para a companhia interpretando o papel de Ricardo III – recentemente e iconicamente interpretado por Laurence Olivier – na frente do próprio Olivier.
Ele apareceu em Otelo no National com Olivier e em Hamlet estrelado por Peter O’Toole. Então, a conselho de Olivier, Gambon deixou o National para ingressar no Birmingham Repertory Theatre, a fim de receber papéis maiores, que incluíam o papel-título em Otelo. Aos 30 anos, ele interpretou Macbeth em uma produção em Billingham que descreveu como ambientada no espaço sideral. No início dos anos 80, ele estava na Royal Shakespeare Company atuando nas produções de Adrian Noble de Rei Lear e Antônio e Cleópatra, às vezes ambas no mesmo dia, esta última encenada em ritmo alucinante. Em 2005, Nicholas Hytner o dirigiu como Falstaff em Henrique IV, Partes 1 e 2 no Teatro Nacional.
Michael Gambon em Singing Detective
Na televisão ele teve grande sucesso com séries sobre dois detetives muito diferentes. O primeiro foi o musical noir de Dennis Potter, The Singing Detective, que o escalou como um romancista de mistério hospitalizado com artrite psoriática.
DVD de Maigret
Anjos na América - HBO Enterprises
O segundo foi um conjunto de
thrillers de Maigret, interpretando o policial parisiense homônimo do autor belga Georges Simenon.
Ele também interpretou um anjo ao lado de Simon Callow em uma versão para TV de Angels in America, de Tony Kushner.
Michael fora descrito como o "O Grande Gambon" por Ralph Richardson, e é considerado uma das maiores celebridades teatrais britânicas. Por seus serviços no teatro e atuações recebeu o título de "Sir", da Rainha Elizabeth II.
Casou-se aos 22 anos com Anne Miller, com quem teve um filho, Fergus, especialista em cerâmica do programa BBC Antiques Roadshow. Sempre muito reservado em relação à família, evitava falar sobre vida pessoal quando o questionavam em entrevistas.
Gambon possuía brevê e sua paixão por carros o fez aparecer no programa Top Gear em dezembro de 2002. Gambon dirigiu um Suzuki Liana e estava dirigindo tão agressivamente que voou na última curva. Desde então, a última curva do circuito de testes do programa recebeu o nome de Gambon.
Em 2002 foi nomeado sucessor de Richard Harris como diretor de Hogwarts, Dumbledore, na série Harry Potter. Seguiu com o papel por toda saga em que a personagem fez parte.
Michael Gambon, visita Estúdios da Warner Bros após 5 anos do fim da saga Harry Potter
Gambon coleciona obras elogiadas e memoráveis.
Ele foi premiado com um Olivier por sua performance em A View from the Bridge, em 1987, além de ser indicado a um Tony por sua passagem na Broadway nos anos 1990 com Skylight, de David Hare.
Michael Gambon como Falstaff em Henry IV Parte 1. Foto por: Tristram Kenton/the Guardian
Você pode conhecer seu trabalho em outras obras mais recentes e não ter percebido, devido à versatilidade do ator, como Knives Out, de 2019 (Entre Facas e Segredos) e Kingsman: O Círculo Dourado, de 2017, além de:
- O Cozinheiro, o Ladrão, Sua Mulher e o Amante (1989)
- O Discurso do Rei (2010), como o idoso rei George V
- Assassinato em Gosford Park,
- As Aventuras de Paddignton, no qual dublou o tio Pastuzo.
- A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça
- O Informante,
- Ave, César! onde trabalhou com os diretores renomados: os irmãos Cohen
Lee Evans e Michael Gambon em Endgame em 2004 - Foto de Tristram Kenton/The Guardian
Depois de aparecer em diversas peças de Samuel Beckett, como Endgame, Eh Joe, Krapp's Last Tape e All That Fall, Michael começou a se afastar dos palcos.
Em 2014 ele disse que estava tendo dificuldades de memorizar suas falas, dizendo: "Eu me sinto triste sobre isso. Eu amo o teatro mas eu não consigo igo me imaginar interpretando papéis enormes novamente.”
Em 2015 Gambon se aposentou da carreira de ator em 2015 por falta de memória, o artista chegou a usar um ponto como um fone de ouvido para se lembrar das falas.
"É uma coisa horrível admitir, mas não posso mais fazer isso. Isso parte meu coração", disse Gambon, na época, à The Sunday Times Magazine (via O Globo).
Michael Gambon - photoshoot
Recentemente Michael foi internado para tratar um forte ataque de pneumonia e não resistiu. A nota da família informa que ele faleceu pacificamente ao redor de quem o amava.
Michael Gambon
Bastidores de Harry Potter
Descanse em paz, Michael
Michael Gambon no quadro Dumbledore
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